Exercício e experimentação criativa das seguintes Fábulas de Esopo:
192 – A lebre e a raposa
Certo dia a lebre perguntou à raposa: “Diga-me a verdade, tu ganhas muitas coisas, ou as tens porque teu nome é raposa¿ E a raposa respondeu: “Para desfazer a dúvida, vem à minha casa e eu te ofereço um jantar”. A lebre a seguiu, e viu que lá dentro nada mais havia como jantar para a raposa a não ser ela própria. E a lebre disse: “Agora eu sei; na minha desgraça aprendi de onde vem o teu nome: não de mérito, mas de astúcia”.
Moral: Aos curiosos muitas vezes acontece algo de mal por cometerem uma indiscrição desastrada.
203 – o leão e o javali
O grande calor do verão deixara a todos com sede. Um leão e um javali foram beber em uma pequena fonte. Puseram-se a discutir sobre quem seria o primeiro a beber e essa discussão degenerou em uma briga violenta. De repente, quando pararam para recuperar folego, viram abutres empoleirados por perto, esperando para devorar o derrotado. Vendo isso, interromperam a briga e concluíram: “é melhor nos tornarmos amigos do que servir de repasto para abutres e corvos.”
Moral. É bom por fim a discórdias prejudiciais, pois disso resulta que todos correm perigos.
204 – o leão e a lebre
Um leão pulara sobre uma lebre adormecida, e já ia devorá-la quando no mesmo instante, viu um veado passar; largou a lebre e correu no encalço do outro animal. A lebre, acordando assustada com o barulho, fugiu. O leão perseguiu por muito tempo o veado, mas não conseguiu alcança-lo. Voltou então à lebre e constatou que ela também havia fugido, E disse_ Bem feito para mim! Pois larguei a presa que já tinha em mãos e preferi a esperança de algo melhor.
Moral: Assim, alguns homens, não se contentam com ganhos moderados e perseguem belas esperanças, sem perceberem o que já tem em mãos.
227 – O Lobo e o leão
Certo dia, um lobo roubou um cordeiro de um rebanho, e o arrastava para sua cova. Mas um leão com o qual se deparou tomou-lhe o cordeiro. E o lobo, guardando certa distancia, reclamou dizendo: “Ages injustamente, pegando o que é meu”. E o leão, rindo, respondeu: “De fato; e foi com plena justiça que tu o recebeste de um amigo”.
Moral: A fábula se aplica a ladroes insaciáveis que brigam entre si disputando a presa.
230 – O lobo e o cordeiro
Um lobo, que já havia comido à saciedade, viu um cordeiro caído no chão. Compreendeu que ele caíra de medo, aproximou-se para tranquiliza-lo, e disse que apenas deveria lhe apresentar três proposições verdadeiras para ir embora são e salvo. E o cordeiro disse, em primeiro lugar, que gostaria de não tê-lo encontrado; segundo, que esperava que o lobo não fizesse nada contra ele, porque era cego; e, por fim, em terceiro lugar, “que possam todos os lobos morrer da pior morte, pois nos fazem uma guerra sem quartel sem nada terem sofrido de nossa parte”. E o lobo teve de reconhecer a verdade do que ele dissera, devolvendo-lhe a liberdade.
Moral: A fábula mostra que, muitas vezes, a verdade tem seus efeitos até sobre os inimigos
231 – O lobo (ferido) e o cordeiro
Mordido por cães, um lobo estava em estado lastimável, a ponto de não poder sequer buscar alimento. Avistou então um cordeiro, e lhe implorou que lhe desse de beber da água do rio que era próximo. “Pois se tu me deres de beber, encontrarei por mim mesmo o que comer”. E o cordeiro respondeu: “Mas se eu te der de beber, eu ainda serei seu alimento”.
Moral: Essa fábula visa ao homem hipócrita que cria ciladas insidiosas.
29 – O asno que riu do javali (Fedro)
Muitas vezes o tolo, ao tentar gracejar, atinge os outros com gravíssimas ofensas
e angaria pra si um perigo letal.
Quanto o asno se encontrou com o javali, lhe disse:
“Salve, irmão!”. Indignado, aquele recusou o cumprimento, e lhe indagou por que mentia. O asno, mostrando o pênis, respondeu: “Tu negas sermos iguais, mas este é igual às tuas fuças”. O javali, embora quisesse atacá-lo, conteve a raiva e disse-lhe: “Vingar-me é fácil; mas não quero com teu sangue vil”.
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